Novos biomarcadores permitem diagnosticar doenças neurodegenerativas e identificar pessoas predispostas ao desenvolvimento da doença de alzheimer.

A acumulação de proteínas mal dobradas (protein misfolding) pode ter consequências fisiológicas diversas. Muitas doenças neurodegenerativas têm sido associadas a aglomerados de proteínas mal dobradas, como Alzheimer, Parkinson e as sinucleinopatias, doenças em que se observa a acumulação de uma proteína chamada alfa-sinucleína.

O estudo aqui apresentado, foi recentemente publicado na revista Nature Medicine, e descreve um ensaio no qual as chamadas sementes de aglomerados de alfa-sinucleína mal dobradas podem ser detectadas no soro do paciente e usadas no diagnóstico de doenças neurodegenerativas.

O presente o estudo traz novos elementos quanto ao uso da alfa-sinucleína como biomarcador de diagnóstico. Os autores criaram um ensaio chamado de Immunoprecipitation-based real-time quaking-induced conversion (IP/RT-QuIC) que utiliza anticorpos que se ligam às sementes de alfa-sinucleína, isolando-as do soro.

Este método pode detectar quantidades minúsculas de sementes de alfa-sinucleína no soro, em concentrações da ordem do nanograma por mililitro. Tendo acesso ao teste, os pacientes não mais precisarão se submeter à colheita de líquido cefalorraquidiano para ensaios de detecção de sinucleína. O autor correspondente do estudo, Professor Nobutaka Hattori, da Faculdade de Medicina da Universidade Juntendo  e do RIKEN Center for Brain Science, alega que o teste tem capacidade para diferenciar distinguir pessoas saudáveis ​​e doentes com Parkinson, atrofia multissistémica (MSA), demência por corpos de Lewy (DCL) e sinucleinopatias.

Outro estudo publicado na revista Nature Medicine apresenta um teste sanguíneo que permite identificar pessoas idosas sem défice cognitivo, mas que provavelmente virão a sofrer de doença de Alzheimer sintomática no futuro. Este trabalho mostrou que esses indivíduos têm placas amiloides e apresentam sinais de reactividade ou activação anormal de astrócitos. As pessoas com menor probabilidade de desenvolver a doença de Alzheimer não apresentaram a combinação dessas características. Este trabalho pode auxiliar médicos e investigadores no tratamento precoce da doença, favorecendo um melhor prognóstico.

Neste segundo estudo, os autores dosearam a proteína glial ácida fibrilar (GFAP), um biomarcador de reactividade do astrócito, e a proteína tau patológica em amostras de sangue de voluntários oriundos de três estudos diferentes de idosos sem défice cognitivo. Apenas os indivíduos que apresentavam simultaneamente placas amiloides e reactividade dos astrócitos evidenciaram neuropatologia progressiva e sinais de desenvolvimento de sintomas de Alzheimer.