Corante Allura Red
27/09/2023
Um corante alimentar comum na origem de doenças inflamatórias intestinais
O Allura Red é um corante alimentar artificial também chamado de FD&C Red 40 ou Food Red 17. Pode ser encontrado em refrigerantes, doces, laticínios e alguns cereais. A textura e a cor que que conferem aos alimentos costumam ser apelativas para as crianças. Trabalhos recentes mostraram que a exposição a longo prazo ao Allura Red pode desencadear o início da doença inflamatória intestinal (DII), um termo abrangente para distúrbios intestinais, como colite ulcerativa e doença de Crohn.
Em modelos animais, o consumo contínuo do corante alimentar provocou lesões no intestino e promoveu inflamação. É sabido que a inflamação crónica leva à doença. Esses resultados foram publicados na Revista Nature Communications.
Tem-se verificado um aumento da incidência de DII em regiões onde as dietas ocidentais são populares; essas dietas são caracterizadas por baixos níveis de fibras e altos níveis de açúcares, carnes vermelhas, gorduras e aditivos, como conservantes, emulsionantes e corantes. A dieta ocidental também tende a levar à inflamação intestinal e altera o microbioma intestinal.
Os autores do estudo demonstraram que o corante Allura Red interfere na importante barreira intestinal, que, quando funciona adequadamente, mantém os microrganismos que vivem no intestino e as moléculas que esses libertam, isolados do resto do corpo. Este estudo também mostrou que Allura Red aumenta a produção de serotonina no intestino. A serotonina é um neurotransmissor que pode afectar o microbioma e romper a barreira intestinal, aumentando o risco de DII.
Segundo os autores, o Allura Red tem “efeitos nocivos significativos” que são mediados pela serotonina no intestino, tendo este estudo implicações cruciais para “a prevenção e o controlo da inflamação intestinal”.
Os mesmos referem também que “a literatura científica sugere que o consumo de Allura Red também está associado a algumas alergias, distúrbios imunológicos e problemas comportamentais em crianças, como défice de atenção e hiperactividade.”
Enquanto os factores genéticos e microbianos que podem influenciar a DII são cada vez mais claros, os impactos ambientais da doença continuam por desvendar.
Este estudo sugere que existe uma relação entre o desenvolvimento de DII e corantes alimentares comuns, e que mais trabalhos são necessários para perceber se outros corantes estão também envolvidos na patogénese da colite no rato, se os efeitos nos humanos são similares, e de que forma esses aditivos podem estar a afectar a saúde pública.
Este estudo serve assim para alertar o público acerca dos efeitos nocivos dos corantes alimentares que são consumidos diariamente.